Leila comanda debates sobre soluções para incêndios no Pantanal

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado realizou nesta quinta-feira (21) uma diligência em Cuiabá, para debater os impactos dos incêndios florestais e da estiagem recorde no Pantanal em 2024. A diligência reuniu senadores, deputados, autoridades estaduais, pesquisadores, moradores e representantes de órgãos como o ICMBio, Ibama e Corpo de Bombeiros Militar. O objetivo foi identificar soluções para combater os incêndios e melhorar a preservação ambiental, com ênfase na necessidade de políticas públicas, investimentos e diálogo.

Diálogo e compromissos

A presidente da CMA, senadora Leila do Vôlei (PDT-DF), conduziu a audiência e destacou a importância da colaboração entre os poderes para enfrentar as emergências climáticas. “Não dá mais para tratar de temas como incêndios e enchentes sem diálogo. Precisamos que todos os senadores e líderes assumam o compromisso de priorizar o combate às mudanças climáticas e ao abandono de nossos biomas”, afirmou Leila. Ela também criticou o orçamento insuficiente destinado à comissão em 2024, que recebeu apenas R$ 100 mil para ações ambientais.

“É vergonhoso. Como podemos combater incêndios no Pantanal, Cerrado e outros biomas com recursos tão escassos? Precisamos de um orçamento que reflita a urgência dessa pauta”, disse.

Impactos dos incêndios

O comandante do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, Flávio Gledson Vieira Bezerra, apresentou dados alarmantes: entre julho e outubro, foram registrados 3.684 eventos de fogo e 40.873 focos de calor, sendo mais da metade em áreas improdutivas. Ele estimou que o estado precisa de R$ 91 milhões em equipamentos, incluindo helicópteros e drones, para melhorar a resposta aos incêndios.

A superintendente do Ibama, Cibele Xavier, informou que o Pantanal perdeu 2,75 milhões de hectares em 2024, representando 18,2% do bioma. Segundo ela, as mudanças climáticas intensificaram os incêndios em cerca de 40%, de acordo com o World Weather Attribution (WWA).

Apoio ao pantaneiro

Os participantes também destacaram a necessidade de políticas que permitam a retomada de atividades tradicionais no Pantanal, como a pesca e a agricultura familiar, abandonadas devido a legislações restritivas. “Precisamos valorizar o homem pantaneiro, que sempre cuidou do bioma. Não podemos ser responsabilizados pelos erros de países que destruíram suas florestas”, declarou a senadora Margareth Buzetti (PSD-MT).

O pescador Fernando Francisco de Lima, conhecido como “Cearazinho Pescador”, emocionou os presentes ao relatar as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores locais. “Estamos passando necessidade. Não temos mais o direito de sobreviver. Pelo amor de Deus, olhem por nós”, apelou.

Próximos passos

A senadora Leila reforçou que a solução para os incêndios no Pantanal passa por mais investimentos em infraestrutura e prevenção. Ela também cobrou responsabilidade de países desenvolvidos. “Quem destruiu suas florestas deve assumir suas responsabilidades. Não podemos permitir que países ricos prejudiquem os que ainda preservam seus biomas”, concluiu.

O debate reforçou a urgência de ações concretas e recursos destinados ao Pantanal e outros biomas brasileiros, com foco na preservação ambiental e na sustentabilidade econômica para a população local.